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quinta-feira, 4 de setembro de 2014

LUIS DE CAMÕES - Por Nicéas Romeo Zanchett

LUIS DE CAMÕES 

                 Ainda hoje, muita coisa da vida de Camões continua obscura, inclusive o lugar certo de seu nascimento.
                 Alguns historiadores citas como sendo Lisboa e outros, Coimbra, Porto, Santarém e Alenquer. No entanto, esta última cidade parece ser a verdadeira, pois o poeta fala na "pátria minha de Alenquer".  Dizem alguns que era descendente de Vasco da Gama pelo lado materno. É suficiente a leitura de suas obras para verificar-se a profundidade da sua cultura, tipicamente renascentista. 
                 Segundo os seus biógrafos, em 1542 ele se achava em Lisboa, onde parece ter frequentado a corte de D.João III. Três amores marcaram a sua vida nesta época e lhe deram inspiração para os seus sonetos quase autobiográficos. A principal parece ter sido a dama do paço, D. Catarina de Ataíde, aquela a quem mais o poeta amou e por quem também mais sofreu. Camões tinha 18 anos quando a conheceu. Ele mesmo conta que foi uma Sexta-Feira Santa, na igreja das Chagas, em Lisboa. Por sua causa, caiu no desagrado do rei e da família real, sendo obrigado a deixar a corte e desterrado para Coimbra.  As duas outras mulheres de sua vida também chamavam-se Catarina: a da Gama e a de Lima. 
                 Em 1545, o poeta luta em Ceuta contra os mouros e perde o seu olho direito em combate. Voltando a Lisboa, envolve-se em várias aventuras, inclusive sendo preso devido a um duelo. No dia 16 de junho de 1553, em uma arruaça de rua, toma partido conta o príncipe real D.João, mas escapa da pena de morte, sendo porém desterrado para a Índia. Vai então para Goa e depois para Macau, onde é nomeado Provedor-Mor dos Defuntos e Ausentes. Foi em uma gruta de Macau, que ainda hoje tem seu nome, que começa a escrever "Os Lusíadas", onde descreve a epopeia de Vasco da Gama. Permanece dois anos no cargo, sendo obrigado a deixá-lo sob a acusação de prevaricador.  Este fato é estranho porque Camões nunca se deixou seduzir pelo vil metal. 
                  Em 1559 vai a Goa em companhia de uma jovem chinesa a quem amava. O navio naufragou na foz do rio Mekonk, a jovem morre, mas Camões salva-se a nado, levando em uma das mãos o manuscrito dos Lusíadas, já em fase avançada de composição. Ali permanece até 1567, quando volta para Portugal. Nesta viajem, não se sabe por quais razões, o capitão do navio deixou o poeta em Moçambique. Foi lá que Diogo Couto o encontrou vivendo na pobreza e praticamente sem amigos. 
                  Quem estuda a história desse genial poeta, percebe seu espírito belicoso, talvez essa seja a razão de não fazer muitos amigos. Sua natureza inquieta e seu espírito de guerreiro provocam a imaginação dos biógrafos de todos os tempos. Ele, como se costume dizer, nunca levava desaforo para casa; sempre procurava resolver as pendengas, com as quais se deparava, na hora  e sempre estava disposto a um duelo, pois era um grande espadachim. Por essa razão muito o chamavam de encrenqueiro. 
                  No início de 1570 volta a Lisboa com o amigo Diogo Couto. 
                  Foi em 1571 que obteve licença da "inquisição" para publicar "Os Lusíadas" , que vieram a público em 1572. Em 28 de junho de 1572, mediante alvará de D. Sebastião, foi finalmente gratificado com uma pensão periódica anual de 15.000 reis, pelo período de três anos. 
                  Em 10 de junho de 1580, morreu miserável num hospital de Lisboa. 
                  Além de "Os Lusíadas", somente uma pequena parte da obra do grande Camões foi publicada em vida do autor; três pequenas peças líricas publicadas em livos alheios. 
                  Atualmente, graças ao trabalho de pesquisadores, sob critérios de crítica textual, pode-se atribuir a Camões, com prudência e ainda com possibilidade de revisão posterior: 211 sonetos, 15 cansões, 3 sextinas, 13 odes, 11 elegias, 5 oitavas, 9 éclogas, 142 redondilhas, 3 autos (Anfitriões, Filodemo e El-rei Seleuco), e 4 cartas. Sobre sua obra prima, nunca pairaram duvidas. 
                  Camões, acima de tudo, foi um notável artista e hábil orquestrador de todos os recursos possíveis da língua portuguesa. Dominou quase todas as formas de poesia de que dispunha na época, tornando-a veículo de sentimentos, sensações e idéias que ninguém jamais tinha transmitido. 
Nicéas Romeo Zanchett 

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