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Cedendo à fúria de Netuno irado
Sossobra a nau que o gran'tesouro encerra;
Luta c'a morte na espumosa serra
O divino cantor do Gama ousado.
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Ai do Canto misterioso a Lysia dado!...
Camões, o grande Camões, embalde a terra
Teu braço forte, nadador aferra,
Se o Canto lá ficou no mar salgado.
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Chorai, lusos, chorai! Tu, morre, ó Gama,
Foi-se a tua gloria... Não; lá vai rompendo
Co'a dextra o mar, na sestra a lusa fama.
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Eterno, eterno ficará vivendo;
E a torpe inveja, que inda agora brama,
No abismo cairá do Averno horrendo.
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Almeida Garrett
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